segunda-feira, 18 de agosto de 2008

“O ÓCIO CRIATIVO” LIVRO DE “DOMENICO DE MASI”


11 de Janeiro de 2008 @ 15:53 por ócio&chocolate

DE MASI, Domenico. O Ócio Criativo. 4ª ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2001. 336p.]

http://www.ufrgs.br/tramse/argos/edu/2004/04/de-masi-domenico.html

Suzana Gutierrez *

Domenico De Masi apresenta seu livro, reescrito em 2000, a partir de uma releitura das edições de 1995/1997. O autor refere-se ao seu novo texto como sendo fruto de um novo contexto e da crescente insatisfação diante do modelo centrado na idolatria do trabalho e da competitividade. Propõe a criação de um modelo novo que redistribua o trabalho, a riqueza, o saber e o poder. Escrito sob a forma de uma entrevista, tendo como interlocutora Maria Serena Palieri, a obra compõe-se de uma introdução e quatorze capítulos.
Na introdução, a entrevistadora tece considerações iniciais sobre o tema e faz uma pequena biografia do autor.
O primeiro capítulo, inicia com a abordagem do tema e segue com o autor descrevendo o desenvolvimento do ser humano até o advento da sociedade industrial. Centra nas questões relativas ao trabalho e à tecnologia e salienta as transformações da época onde, segundo o autor, a união de três fatores de mudança determina a mudança paradigmática. São estes fatores a descoberta de novas fontes energéticas, uma nova divisão do trabalho e uma nova organização do poder.
No segundo capítulo, o autor inicia falando sobre a sociedade industrial, suas origens no Iluminismo, suas características e o conceito de trabalho que se estabelece nesta época..
No terceiro capítulo, aborda as características da industrialização e os princípios sobre os quais ela se estabelece, tais como, estandardização, especialização, sincronismo, maximização, centralização, concentração, que compõem, em resumo, uma racionalização.
O quarto capítulo inicia com a discussão sobre o possível fim da sociedade industrial e o autor posiciona-se dizendo que o contexto atual não pode ser considerado como uma continuação da sociedade industrial. A seguir, defende esta sua afirmação enumerando as razões que a determinam e passa a falar da sociedade pós-industrial e da cultura pós-moderna.
No quinto capítulo, fala sobre o nascimento da nova sociedade e discorre principalmente sobre as mudanças no capitalismo e no trabalho, que caracterizam esta nova sociedade. Em relação à economia e ao trabalho retrocede fazendo um apanhado sobre o desenvolvimento econômico e sobre as relações e condições de trabalho até a época atual. Enfatiza as mudanças da produção para os serviços e a predominância do trabalho intelectual sobre o trabalho manual, tudo atrelado à mudança tecnológica.
No sexto capítulo, usando as concepções de Alvin Toffler, retrata as transformações pós-modernas nos aspectos sócio-econômicos-políticos-culturais, com ênfase nos culturais.
No sétimo capítulo, caracteriza a sociedade pós-industrial como uma sociedade previdente e programada. Fala da pesquisa científica e sua importância nos processos econômicos. Pontua a emergência da mídia e do marketing como mediadores nos ciclos de giro do capital. Caracteriza as relações pós-industriais como basicamente uma guerra entre empresas e propõe que os meios de sobrevivência dos pobres consistirão em prover audiência televisiva para os ricos. Nisso tudo, embora acredite na decadência dos conflitos de classe, aponta, com Alain Touraine, a divisão da sociedade em ‘dirigentes’, ‘dominantes’, ‘defensivos’ e ‘propositivos’.
No oitavo capítulo, faz um resumo das características condicionantes da sociedade pós-industrial. Aborda a globalização, o progressivo aumento do tempo livre pelo desenvolvimento tecnológico e pela nova configuração do trabalho, a intelectualização do trabalho, a subjetividade. Acrescenta às características anteriores a questão da desestruturação tempo-espaço e o nomadismo geral na vida contraposto a um sedentarismo nas ações diárias. No aspecto da razão, diz que a sociedade pós-industrial tem como valor a emoção e a feminilidade características de uma sociedade andrógina.
No nono capítulo, fala sobre o trabalho e propõe que, atualmente, reduzir para uma carga de 5-6h/dia de trabalho não afetaria em nada a produção. Enfatiza os aspectos culturais como condicionantes do maior tempo de permanência no trabalho. Fala sobre o teletrabalho e, na questão do desemprego, advoga que somente se reduzida a jornada para umas 3 horas/dia e implantada uma semana e mês menor de trabalho, seriam criados novos empregos.
No décimo capítulo desenvolve o assunto do teletrabalho e da crescente evolução tecnológica e suas implicações.
No décimo primeiro capítulo, fala sobre o futuro do trabalho, seu centramento nas atividades intelectuais criativas e as condições necessárias para a sua existência. Retoma conceitos de ócio e ócio criativo e interpõe uma nova cultura em detrimento da atual cultura empresarial que é autoritária e rígida.
No décimo segundo capítulo, aborda as transformações culturais por vir. fala sobre a emergência da virtualidade e de um sujeito digital. Um sujeito que tende ao ecletismo, a colagem, ao ecologismo, e que confunde tempo livre e trabalho, mas que vive, em geral da renda familiar.
No décimo terceiro capítulo, De Masi continua falando do futuro. Propõe que devemos trabalhar baseados na ’solidariedade de estímulos criativos’ ao invés de como dever e projetar continuamente nossa existência. Tece considerações de como será a sociedade no futuro considerando as palavras-chaves de ‘complexidade’ e ‘descontinuidade’, aceitando a velocidade e aprendendo a manejar o tempo.
No décimo quarto e último capítulo, De Masi aborda a criatividade e a educação para a criatividade como motores das mudanças no trabalho e nos processos organizacionais. Resume e aprofunda o entendimento sobre o ócio criativo. Rejeita os modelos sociais existentes como inadequados, mas não propõe concretamente uma alternativa. Finaliza falando sobre a ética do ócio como uma filosofia de viver.

* professora e engenheira, mestranda em Educação PPGEdu/UFRGS. Professora do Colégio Militar de Porto Alegre. Pesquisadora do TRAMSE/UFRGS

[Domingo, Abril 04, 2004]

Um comentário:

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